Aperte o cinto... de verdade! As startups unicórnios arrecadaram US$ 2,04 bilhões em aportes apenas no 1º trimestre de 2022. Na contramão: investiram apenas 4% frente aos 368% vistos em igual período do ano passado. Resultado: elas estão apreensivas, ou seja, demitindo e reavaliando planos! Os vilões no tabuleiro são as taxas de juros mundo afora e a famosa instabilidade política e social. Agora pense: se quem tem "chifre" está dando "chifradas", imagine quem não tem? Vão sobrar coices e pontapés?
Segundo especialistas consultados pela Bloomberg Línea e pela revista Veja, o mercado gozava de muita liquidez em 2021. No entanto, com a alta da inflação mundo afora, seja no preço da gasolina [algo que sentimos muito no Brasil] e até dos alimentos, foi natural que os bancos centrais elevassem as taxas de juros para conter essa pressão. A culpa sobra até pela situação na Ucrânia.
Em resumo: o mercado dá sinais de que, daqui pra frente, o acesso aos investimentos serão mais difíceis e, em contrapartida, as startups unicórnios - com capital superior a US$ 1 bilhão - começaram a reavaliar suas projeções e até a demitir por conta disso.
QuintoAndar, Facily e Loft, que receberam grandes aportes em anos anteriores, estão fazendo ajustes com demissões em massa nas últimas semanas. Especialistas dizem que isso se trata de "um ajuste pontual derivado dos desafios vigentes”.
Reportagem de Isabela Fleischman da Bloomberg Línea noticiou que a Quinto Andar demitiu 160... Sim, 160 funcionários (4% do seu quadro de funcionários) numa tacada só. A Loft, sua principal rival, avaliada em US$ 3 bilhões, dispensou 159 pessoas.
A Facily, que em 2021 passou de 20 para 300 pessoas, não revelou quantas pessoas foram demitidas. No entanto, uma pessoa familiarizada ao assunto confirma ao menos 130 demissões. Isso é uma paulada! Quase metade da empresa! Já a Creditas, por enquanto, mandou embora 11 pessoas, segundo fontes da agência de notícias Bloomberg.
Culpados são os juros altos, não os unicórnios
Os culpados mencionados por fundadores e CEOs são as taxas de juros voláteis, o que torna o financiamento mais caro para empresas de capital de risco, especialmente para startups que não têm fluxo de caixa positivo.
“Já sabíamos que não teríamos juros tão baixos, mas nossa surpresa foi como o mercado virou rápido, uma vez que os governos aceleraram o aumento da taxa de juros”, disse Diego Dzodan, CEO da Facily, em entrevista à Bloomberg Línea.
Outro fator tem a ver com as questões geopolíticas e tendências globais, o que afeta operações de capital de risco. Já outras estão relacionadas as questões macroeconômicas, como inflação, dólar e guerra na Ucrânia.
O que acontece é que os fundos de capital de risco que investem em startups estão mais apreensivos, pois encontram fáceis argumentos para desistir de seus compromissos. Nenhum fundo se manifestou, entretanto, existe a tendência de que o mercado não está propício a investir.
“Tivemos quatro rodadas de financiamento no ano passado. Sempre temos que avaliar cenários. No final do ano passado, imaginávamos 2022 com um cenário que poderia continuar vindo mais rodadas, supondo que as condições do ano passado fossem mantidas, mas desde os primeiros dias de janeiro ficou claro que o mercado estava mudando muito rápido e a disponibilidade de fundos para esse tipo seria muito menor. Ajustamos nossas expectativas”, disse Dzodan em entrevista à Bloomberg Línea.
Mensurando a piora de cenário
2021 foi o ano em que o Brasil teve mais investimentos em startups. No ano passado, as startups brasileiras receberam US$ 9,4 bilhões, o dobro de 2020, com crescimento acumulado de 755% em cinco anos, segundo dados da plataforma de inovação Distrito.
Mas se o cenário muda, tudo muda! Isso não significa que startups iniciais precisem desistir. Muito pelo contrário: há sempre investimentos abertos ao novo. O que acontece no mundo é um reajuste de cenário onde todos necessitam adequar suas posições.
Isso é um desafio tanto para as startups que iniciam agora quanto as unicórnios que já foram impactadas.
Pode piorar ou já piorou?
Pode sim. A semana começou com mais notícias de demissões em empresas de tecnologia. Na segunda-feira (23), a startup argentina de criptomoedas Buenbit disse que estava demitindo metade de sua equipe por causa do “novo contexto global”, informou a Bloomberg Línea, em conversas próximas a quem entende do assunto.
A sueca Klarna, fintech mais valiosa da Europa, informou que iria demitir 10% da equipe. E, no Brasil, o unicórnio do e-commerce Olist, cortou pelo menos 60 funcionários, de acordo com pessoas próximas à empresa.
Temos salvação? Temos sim!
Professor da Universidade de Berkeley, na Califórinia, Jerome Engel é especialista em inovação, empreendedorismo e venture capital. Em entrevista à Bloomberg, afirmou que os efeitos da pandemia, aliada à inflação, problemas na cadeia de suprimento e a guerra na Ucrânia, que impactaram o venture capital, serão sentidos nos países emergentes com um certo atraso em relação ao que foi visto na Europa e nos Estados Unidos.
Por isso, ele também acredita que a América Latina, por estar na ponta da corda, levará mais tempo para se recuperar desse colapso, já que as estruturas dos mercados dos países desenvolvidos já são mais fortalecidas.
Qual a sugestão?
Engel sugere que os empreendedores devem buscar alianças corporativas e se segurar em suas fortalezas, com os clientes que realmente importam e trazem valor estratégico para o negócio.
Dica valiosa: “Em vez de levantar a Série B, talvez esses empreendedores precisem focar em dois clientes-chave. As taxas de juros vão continuar subindo, mas se você conseguir fundar uma empresa agora, quando os mercados voltarem você estará pronto”.
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